quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Opinião, apenas uma opinião.

É preciso pensar o futebol brasileiro! Esse é um jargão antigo que se falou muito entre 1970/1994, quando o país viveu uma lacuna entre as vitoriosas copas do México (tricampeonato) e dos EUA (tetracampeonato). Porém nos dias atuais a frase volta ser muito comum, por razões diferentes creio. Uma dessas, é o fato de ser muito difícil ver exemplos como Rogério do São Paulo, Renato Augusto do Flamengo, Marcos do Palmeiras... Surgir atletas com tal perfil, ou seja, construindo raízes com o clube, os chamados pratas da casa, são casos raros, pois precocemente as revelações são negociadas para outros clubes. A meta é globalizar: Europa, Ásia... O que mostra que época de jogadores como: Zico, Dinamite, Ademir Da Guia, Reinaldo, João Leite, Luisinho, falcão, Adílio, Pelé, Garrincha... Jogadores formados nos seus clubes.

Realmente faz parte de um passado que ficará cada vez mais distante, duas décadas atrás, tais jogadores criavam relações afetivas e efetivas com os seus clubes. Recebiam uma formação técnica e tática eminentemente brasileira, ou seja, tinham o nosso jeito de jogar, e quando saíam apenas se aperfeiçoavam (foram os casos de Zico – Junior – Sócrates - Falcão).

Vivemos a era do descartável, onde jogar num clube profissional nada mais significa e a pressa em fazer o “pé de meia” é grande. Inicia-se no dente de leite quando o atleta nem formado é. Essa prática transformou o beijar a camisa num ritual demagógico. A era dos atravessadores, dos empresários de futebol que fazem o contato entre o clube/jogador, esse cada vez menos revelado pelos times que morrem a míngua enquanto os tios patinhas da bola somam verdadeiras fortunas em estruturas paralelas aos clubes, tanto para “revelar” atletas, como para transladarem para várias praças, lembrando-nos o tráfico negreiro, profissionalizado num esquema de marketing que transformam jogadores limitados em verdadeiros Pelés da bola.

Essa situação faz-nos refém em aceitar nossos melhores jogadores exilados do futebol nacional (vítimas do ostracismo salarial) e nosso campeonato nacional pobre e nivelado por baixo, com jogadores limitados nos fundamentos (passe, finalização, chute, marcação, lançamento); como podemos comemorar essa verdadeira galeria de zagueiros destaques? Em detrimento dos chamados meias de criação, do futebol vistoso.

Como comemorar dois anos vendo um goleiro escolhido como o craque do Brasileirão (depois da copa de 2002 que fez vistas grossas ao talento de Rivaldo ou a superação do fenômeno para escolher o goleiro Alemão como o melhor jogador da copa. Isso virou mais uma moda). Lamento que, a revelação da série A foi a defesa do time campeão, que tinha um centro-avante que poucos gols fez, pois sua função principal era cavar faltas e pênaltis para o habilidoso goleiro marcar (fazer o pivô... risos), podemos ainda destacar ultimamente é claro; os estrangeiros como Carlitos, Masquerano, Beto Acosta, Valdivia, Arce e Cia LTDA (nada de xenofobia, apenas uma lamentação, pois no país do futebol as estrelas são uruguaias, chilenas, argentinas...) e as nossas brilham na Itália, Espanha, Holanda, Inglaterra... E até Turquia e Rússia.

É que não consigo ver nada de novo no futebol brasileiro (copiamos esquemas defensivos das equipes européias: 4-6-1/5-5-1/6-4-1), meu DEUS como a vitória da Itália em 2006 fez mal ao Futebol mundial. Por ser brasileiro, pentacampeão mundial (mal acostumado) me faz mal, só poder assistir ao futebol de Ronaldinho, Kaká, Robinho, Alex, Diego apenas pela TV, também me faz muito mal. Além disso é claro, ver os clubes sangrando, esmagados pelos chamados empresários da bola e essas negociatas com jogadores de futebol de maneira tão precoce.

Se “O Brasil é uma pátria de chuteira” como dizia o saudoso Nelson Rodrigues, logo não vos preocupeis com os meus comentários, pois a razão pela qual uso esse espaço é que, de vez em quando, sinto a necessidade em calçar a minha chuteira também.

(Professor João Maria Fraga)

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