domingo, 16 de março de 2008

Esse Judas não é o da semana santa!


Pra variar, a semana santa vem aí, e o assunto da ordem do dia é: Judas, traição, sacrifício, punição...

Todos já ouviram falar em Judas Iscariotes, um dos 12 apóstolos de Jesus, que de acordo com o evangelho foi o que traiu, vendeu o cristo aos romanos, por 30 moedas. Nesse período em que se comemora a semana santa, também tem espaço pra vingança, ódio... Logo é comum se ver muitos Judas de pano, amarrado a um poste, apedrejado, esmurrado, pisoteado, enforcado. É a natureza humana se manifestando com naturalidade e como sempre em nome da justiça, da vingança, mesmo que uma justiça privada, e simbólica.

Porém, apesar do contexto, o Judas que quero falar não é o Iscariotes, mas sim o Tadeu, não o santo, apóstolo e mártir que nasceu na Galiléia, o filho de Alfeu, e Cleofas, primo legítimo de Jesus. Esse apóstolo que é citado por João, na ceia perguntou a Jesus “mestre, por que razão hás de manifestar-te só a nós e não ao mundo?” O testemunho de são Judas Tadeu impressionou aos pagãos que se convertiam e provocou a fúria e inveja de muitos que o perseguia furiosos com a fidelidade que o apóstolo tinha a Jesus.Não venho falar do Iscariotes, nem desse Tadeu, quero falar de um Judas com uma dimensão mais humana do que santa, nem a virtude, nem o pecado, mais ambos, o que é, a natureza do ser, que acerta e erra simultaneamente.

Nosso personagem chama-se Judas Tadeu Gurgel, Pai, filho, marido, homem de negócios, e presidente do clube popular da cidade e por isso alvo de tantas críticas, mas, esse é o preço pelo exercício de uma função pública.Os ecos trazem grosserias de todos os tamanhos: incompetente, sem berço, mal educado, despreparado, desequilibrado, ou seja, todos esses adjetivos têm um único propósito, desqualificá-lo, diminuí-lo... E nessa ansiedade termina se esquecendo de ver outra realidade: a de um torcedor que rir e que chora com o sucesso e insucessos do seu alvinegro querido, a de um pai que as vezes se distancia das crias pra poder se dedicar a sua paixão; a de um marido que muitas vezes troca o carinho da esposa pra ficar na beira do campo sofrendo com o gol que não vem; que as vezes tem menos tempo pra os negócios da profissão por se dedicar em grande parte ao exercício paralelo de presidente.

Definitivamente não! Não podemos ter uma visão única dos fatos. É sábio de nossa parte observar e analisar fatos e pessoas numa dimensão mais plural, sem essa de maniqueísmo (bem x mal / feio x bonito). O abc é preto, mas também é branco e Judas com o clube é humano e por isso erra e acerta, e certamente que o maior do seu acerto é ser verdadeiramente torcedor do clube que ostenta orgulho em presidir o ABC Futebol Clube, esse Judas é muito mais que presidente, É TORCEDOR!

Por isso não é anônimo, não passa sem ser percebido, talvez por isso que a frasqueira o admira tão incondicionalmente, com a mesma passionalidade a que ama o ABC. Pois, Judas Tadeu Gurgel é, e será sempre, um abcdista e quanto ao berço que dizem não possuir, não tem problema, pois a Frasqueira também não tem, a força da torcida é a massa, o povão, os que já nascem marcados pelo signo da desigualdade social, os excluídos, os sem berços, lembrando que o filho de Deus teve um berço improvisado (uma manjedoura).

E por tudo isso, os abcdistas nunca exigiram desse Judas um berço, mas, apenas que ele continue sendo esse Judas!!! O Judas da Frasqueira, o Judas torcedor, ou simplesmente, o Judas Tadeu Gurgel (Presidente do ABC).

(Por João Maria Fraga)

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