Everaldo Lopes - Repórter e Pesquisador
O pernambucano Marinho Apolônio se constituiu, durante quase uma década um dos meias avançados mais importante do futebol potiguar. Jogador de extrema habilidade, dono de passes sob medida, oportunista, foi goleador algumas vezes dos clubes por onde passou, tanto podia ser de Natal, como de Salvador, onde defendeu o EC Bahia. Foi o maior “matador” do Campeonato Estadual em 1982 e 84, respectivamente, com 15 e 13 gols, além da marca fantástica de 83, quando seu companheiro de ataque – Silva fez 32 e ele 31 gols, bastando frisar o detalhe de que, Apolônio com 31 gols é a segunda maior marca de goleador em Estaduais. O mais próximo é Leonardo, na época no ABC, com 26 gols consignados no campeonato de 2000, tendo Didi Duarte como treinador.
Números levantados por este repórter e pelo também pesquisador Newton Alves, Marinho Apolônio aparece pela primeira vez na lista dos campeões estaduais atuando pelo América, em 1978, fazendo sua estréia ainda no Campeonato Brasileiro daquele ano. No Estadual/78 Marinho Apolônio também se destacou, mas o campeão do ano foi o ABC. A equipe americana era esta: Cícero, Ivan Silva, Joel Santana (a esse tempo jogando com o nome de Joel Natalino), Joel Ribeiro e Humberto, Ronaldo Alves e Gilmar, Jangada, Apolônio, Aloísio e Soares (David).
O presidente americano era Dilermando Machado, sendo substituído por José Rocha a partir de 75. Em 79, na final decisiva o time alvirrubro derrotou o ABC, nos tiros livres da marca do pênalti, após 0x0 nos 90 e na prorrogação de 30 minutos, pelo placar de 4x2. O time foi este: Zé Luiz, Ivan Silva (Givaldo), Joel Santana, Sérgio Poti e Gilton, Roberto e Danilo, Ronaldinho (Pedrada), Oliveira, Marinho Apolônio e Mário (Hélio). Técnico, Caiçara, mas o comando esteve nos primeiros jogos com Wallace Costa. São também campeões de 79, Wassil, Luizinho, Rommel, Joel Ribeiro, Sandoval, Gomes, Nilton. O árbitro foi o gaúcho Luiz Zetermann.O América seria bicampeão em 80, em outra jornada que culminou na final contra o Alecrim, com o Verdão fazendo bonita campanha também naquele ano. Apesar do bi, o time rubro teve problemas na direção técnica, começando o campeonato com o treinador Chiquinho, que não agradou ao clube, sendo substituído pelo antigo ala esquerdo do Flamengo, Paulo Henrique. As coisas continuaram sem dar certo pras bandas da “Pousada do Atleta”, culminando com a dispensa de Paulo Henrique e o América resolvendo fazer uma experiência com o então desconhecido Pedrinho Rodrigues. Ele vinha fazendo boa campanha no Alecrim, daí motivar a cobiça do clube alvirrubro.
Acabou Rodrigues dando o bi ao América, decisão que ficou no 0x0, forçando a decisão ir para os tiros livres da marca do pênalti. A vitória foi da equipe americana, sendo Apolônio um dos batedores dos pênaltis. Foi esta a equipe vencedora: César, Ivan Silva, Domicio, Sérgio Poti e Norival, Bonga, Didi Duarte (Davi), Soares (Sandoval), Paulo Henrique (xará do ex-treinador), Marinho Apolônio Marinho e Severinho, sendo ainda relacionados como campeões Alex, Ary, Gilnei, Roberto Bacuri, Ronaldo e Tarso. O detalhe da temporada de 80 foi a queda brusca no número de clubes disputantes, caindo de 12 clubes para apenas seis, com os dirigentes acusando muitos gastos em cada temporada.
Apolônio foi também campeão defendendo as cores do ABC, sendo esta uma das equipes que tinham ele como titular absoluto: Lulinha, Alexandre Cearense, Joel Celestino, Alexandre Mineiro e Dudé, Nicácio (Arié), Marinho e Dedé de Dora, Noé Soares, Silva (Berg) e Djalminha. Técnico, Erandy Montenegro. Na decisão contra o América, sendo também campeões, Haroldo, Zé Luiz, Alberi, Luiz Antônio, Carioca, Noronha, Curió, Reinaldo. O placar da decisão: 1x1, gols de Ailton e Silva, este empatando no último minuto, tirando o título das mãos do América.
Apolônio foi ainda ídolo no Bahia, formando uma das equipes mais fortes que o tricolor baiano colocou em campo para o Brasileirão daquele ano. Apolônio ainda vestiu as camisas do Atlético Potiguar, Força e Luz (Cosern EC) e Corinthians de Caicó na Série “C” de 95. Naquele ano, o time caicoense formou uma equipe com alguns veteranos, inclusive Apolônio. O time base que enfrentou o ABC e perdeu por 1x0 foi este: Cabral, Marconi, Biel, Netão e Wilde, Rosinaldo, Apolônio e Concone, Toínho, Oliveira e Djalminha. Craque na expressão da palavra, Apolônio terminou sua carreira, pobre como começou, transformando-se em camelô no centro de Natal, e posteriormente assumindo a direção técnica de uma das categorias de base do América. Jogador sempre de astral alto, era brincalhão mas disciplinado, nunca se envolvendo com confusões.
Encerrou sua carreira atuando no Atlético de João Machado. Fosse nos dias atuais, Marinho Apolônio com certeza, teria salário nunca inferior a R$ 30 mil em qualquer clube do RN ou do Nordeste. No auge de sua carreira no ABC, com Ruy Barbosa na presidência, Apolônia teve do Alvinegro a oferta de um carro semi-novo para renovar com o clube.
(Fontes: Everaldo Lopes e Newton Alves)
Publicado no site da Tribuna do Norte
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